A construção da autonomia é fundamental para a formação integral, uma vez que possibilita à criança o desenvolvimento de habilidades sociais, como: reconhecer-se em seus contextos histórico e cultural, comunicar-se de forma assertiva, ser criativa, ter um pensamento analítico e crítico, ser participativa, estar aberta ao novo, ter postura colaborativa, ser produtiva e ter responsabilidade. Habilidades estas que também estão presentes nas 10 competências gerais da BNCC (Base Nacional Comum Curricular) e que devem ser desenvolvidas pelos alunos durante a sua vida acadêmica.
Mas, afinal de contas, o que é a autonomia?
Autonomia é um comportamento que precisa ser estimulado na infância com o “deixar fazer”, mas vai muito além disso. Ela é fundamental na formação do indivíduo, pois o conceito de autonomia mistura-se com o de liberdade, liberdade de um indivíduo tomar suas próprias decisões com base nos seus conhecimentos e nas informações disponíveis.
E para que, quando adulta, a criança tenha condições de usar a sua autonomia, para gerir sua própria vida, fazendo uso dos seus conhecimentos, vontades e princípios, ela precisa ser estimulada desde cedo a fazer isso. É na primeira infância que ocorre a etapa mais importante do processo de formação da personalidade, na medida em que o desenvolvimento da autonomia na infância permite a construção de uma personalidade saudável, possibilitando o desenvolvimento da capacidade de resolver conflitos ao longo da vida.
É nesse processo que os adultos são as peças fundamentais, pois o desenvolvimento da autonomia depende diretamente da diminuição da dependência das crianças com o adulto e o aumento da confiança e segurança delas em relação às suas capacidades. Mas para que isso aconteça é preciso deixar que elas cresçam e se desenvolvam. Devemos cuidar com a superproteção, uma vez que ela impede que a criança desenvolva meios de lidar com os obstáculos da vida e, assim, o excesso de proteção acaba desprotegendo, porque torna a criança incapaz de lidar com as frustrações, que inevitavelmente acontecerão.
Como as famílias podem auxiliar no desenvolvimento da autonomia das crianças?
Com tarefas simples do dia-a-dia, mas que agregam muito no desenvolvimento infantil:
- Arrumar a cama;
- Colocar a roupa suja na máquina;
- Guardar as roupas limpas;
- Guardar parte da louça;
- Ajudar a pôr a mesa;
- Tirar o pó;
- Regar as plantas;
- Separar o lixo.
Essas atividades auxiliam tanto na parte socioemocional da criança - formando uma personalidade mais colaborativa e segura de si e das próprias capacidades, pois a criança estará participando ativamente da vida em família (fazendo a sua parte), além de estar fazendo algo não para si diretamente, mas sim para todos; quanto na parte cognitiva, porque, por exemplo:
- para arrumar a cama a criança estará aprendendo sobre orientação espacial e medidas, raciocínios necessários tanto na matemática, quanto na geografia - já que a coberta e os travesseiros precisam ficar em determinada posição;
- para colocar as roupas sujas na máquina e guardar as limpas, ela estará aprendendo a classificar objetos, esse raciocínio é pré-requisito da matemática;
- para colocar os talheres na mesa, novamente ela estará desenvolvendo outro pré-requisito da matemática – fazendo o que chamamos de correspondência termo a termo (um prato pra mim, um prato pra mamãe e um prato pro papai, são 3 pessoas então eu preciso de 3 pratos);
- para separar o lixo, novamente aparece aí a classificação, além da parte de cuidado com o meio ambiente, e assim por diante.
O processo de desenvolvimento da autonomia é necessário e pode ser trabalhado nas mais diversas situações do dia-a-dia. No ambiente escolar essa questão é estimulada das mais diversas formas, como com a organização dos pertences pela própria criança, na iniciativa para brincar com os colegas, na busca por auxílio quando apresenta dificuldade, entre outros. Atividades que aparentemente parecem simples, podem ser de grande estímulo no desenvolvimento das crianças. Permitir que a criança tenha autonomia, gera confiança, e essa confiança é fundamental para o processo de ensino-aprendizagem.