A educação inclusiva se caracteriza pela diversidade e almeja sempre perceber e atender as necessidades especiais dos alunos, buscando o desenvolvimento pessoal e a aprendizagem. O êxito na inclusão requer conhecimento, identificação e adequações na prática pedagógica. Buscar alternativas didáticas e pedagógicas diversas que visem atender às necessidades dos aprendizes é fundamental para o sucesso da inclusão e da aprendizagem.
Os desafios da educação inclusiva e da aprendizagem convivem com questionamentos constantes. Como meu aluno aprende? Como posso auxiliar meu aluno a aprender? Como motivar o aluno? A aproximação com os conhecimentos da Neurociência às práticas educativas pode ser um caminho para que o professor se sinta mais pronto aos desafios que lhe são impostos no dia a dia e se sinta mais seguro para desenvolver seu trabalho, explorando todas as potencialidades do estudante (SIMÕES & NOGARO, 2016).
A aprendizagem é o processo pelo qual o cérebro reage aos estímulos do ambiente, ativa as sinapses e as reestrutura. A cada novo estímulo, a cada repetição de um comportamento que se deseja consolidar, há circuitos que processam as informações, que poderão ser então consolidadas. Os estímulos e a prática pedagógica significativa e funcional podem levar os neurônios a formar novas sinapses. A reação do cérebro aos estímulos do ambiente faz com que as sinapses se tornem mais intensas e resultem em circuitos que processam as informações, com capacidade de armazenar e formar memórias, fator indispensável no processo de aprendizagem (SHEPHERD, 1994; MUSSAK, 1999; KOIZUMI, 2004).
O conhecimento e o embasamento da Neurociência possibilitam ao professor compreender a natureza das operações que são necessárias ao aluno para ter uma boa memorização, organização das percepções e desenvolvimento das diferentes linguagens: lógico-matemática, musical, linguística, espacial, sinestésica. “Permite conhecer os processos mentais que tornam possível o ato de ler, escrever, falar, planejar e executar as ações.” (SIMÕES & NOGARO, 2016, p. 96)
Para HOLT (2007, p. 01) a “próxima geração de educadores deverá ter uma abordagem mais abrangente centrada não apenas no ensino da matemática, por exemplo, mas também na forma como o raciocínio se desenvolve no cérebro”.
Assim, a aprendizagem não pode ser entendida como somente um processo de aquisição de conhecimentos, nossa mente não é um contêiner onde se armazenam conhecimentos. A aprendizagem humana tem que ser entendida como processo complexo e de reconstrução permanente de significados, como consequência da participação ativa do sujeito em contextos sociais, nos quais se desenvolvem práticas culturais que condicionam sua vida profissional, social e pessoal (GÓMEZ, 2015, p. 48). “Aprender é a única coisa que a mente nunca se cansa, nunca tem medo e nunca se arrepende.” (LEONARDO DA VINCI)
REFERÊNCIAS:
GÓMEZ, A.P. Educação na era digital: a escola educativa. Porto Alegre: Penso, 2015
HOLT, J. Como as crianças aprendem. Tradução Walther Castelli Jr. Campinas, SP: Verus Editora, 2007.
SHEPHERD G. M. (1998). The synaptic organization of the brain. 4th ed., New York, NY: Oxford University Press. Disponível em: https://periodicos.utfpr.edu.br/rbect/article/view/3947
SIMÕES. Estela Mari Santos. NOGARO. Arnaldo. Neurociência cognitiva para educadores: aprendizagem e prática docente no século XXI. Curitiba: CRV, 2016.